Bloco pergunta sobre Venda de locomotivas históricas na Linha do Tua
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Reproduzimos uma mensagem na página do Facebook do Movimento Cívico pela Linha do Tua (fotografia em anexo), denunciando a venda para França de uma locomotiva histórica que fez serviço na Linha Ferroviária do Tua.

“Vimos hoje partir, por via rodoviária, mais um pedaço da nossa história e mais um pouco da nossa cultura: a Locomotiva E166 que estava na Estação do Tua e que tanto deu a esta linha e região, foi levada para França, onde irá operar numa via turística.

Dizia-se por aí, algures em meados das décadas de 70 e 80, que também a Linha do Tua era "turística". Aliás, dizia-se até que era "das mais belas da Europa".

Por que motivo é que tudo vai embora?

Por que motivo é que, à semelhança de outras peças como automotoras Allan, locomotivas Mallet e Alsthom's 9020, cá dentro nada serve nem funciona, mas lá fora opera em média por mais 30 ou 40 anos, algumas delas em vias com menos potencialidade turística que as nossas?!

Se calhar o problema não está no povo. Nem nas linhas. Nem no material circulante ou até mesmo na "potencialidade turística" do mesmo...

Se calhar o problema está em quem faz toda esta gestão, ou em quem começou todo um "genocídio" no Caminho-de-Ferro...

Não nos interpretem mal! Ficamos contentes e orgulhosos pelo "feliz destino" que a E166 vai ter, ao voltar a "assobiar" e a puxar uma composição.

Mas ficamos também tristes por esse "final feliz" não ser junto do povo que ela serviu e que a viu "rolar" durante mais de 80 anos...”.

Para o Bloco de Esquerda, o desmantelamento do património histórico da ferrovia configura uma decisão atentatória do património histórico-cultural da região e, em particular, da própria CP.

Afigura-se, por isso, bastante insólito que, existindo um Museu Nacional Ferroviário, que tem como missão “contar a história do caminho de ferro em Portugal” e sendo a Linha Ferroviária do Tua parte indelével dessa história, não haja notícia de audição prévia de várias entidades públicas, tais como a Fundação do MNF ou outras, sobre a legalidade e oportunidade para esta e outras vendas semelhantes que já ocorreram no passado.

Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao Governo, através do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, as seguintes perguntas:

1. Tem o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas conhecimento desta situação?

2. Foram estabelecidos contactos oficiais com algumas entidades públicas supervenientes, designadamente a Fundação do Museu Nacional Ferroviário, para obter o seu pronunciamento sobre a oportunidade e legalidade da referida venda da locomotiva E166, que se encontrava estacionada na Estação do Tua, há vários anos?

3. Tenciona ou não o governo adotar medidas urgentes para travar a delapidação e a desmantelamento do património histórico e museológico dos comboios que operaram na Linha Ferroviária do Tua, nomeadamente locomotivas e carruagens a fim de proceder à sua reabilitação e integração no acervo histórico e patrimonial do caminho de ferro em Portugal?

4. Pondera o Governo a possibilidade de reverter a venda da locomotiva E166, em concreto, a confirmar-se que a mesma foi ilegal por não ter acautelado todos os procedimentos legalmente estabelecidos, que visam a proteção do património histórico e museológico do caminho de ferro português?

     



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