"A
Europa do capital ficou preocupada com o 25 de abril, está na altura de
lhe darmos mais preocupações. Maio é o mês dos trabalhadores, Maio é o
mês em que não podemos desistir, vamos à luta em todos os campos",
frisou a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias.
"A velha aliança entre Portugal e a Grécia, que vem da década de 70, e
que permitiu derrotar a ditadura, mantemo-la hoje, aqui, agora, e para o
futuro, para derrotar uma outra ditadura: a da austeridade e dos
mercados financeiros", afirmou Marisa Matias.
"Continuamos a precisar de uma desobediência. O nosso problema de
hoje é haver ainda muita gente que continua a aceitar o abuso que lhe
está a ser feito. A voz da esquerda nestas eleições será fundamental
contra o inimigo comum da austeridade", avançou ainda a dirigente
bloquista.
Marisa
Matias referiu também que "o 25 de Abril serviu para quebrar o
unanimismo forçado e trazer o país para a liberdade”, lembrando o papel
fundamental dos Capitães de Abril.
No final da sua intervenção, a candidata do Bloco exortou todos e
todas a recusarem-se a estar “de joelhos perante a Europa da
austeridade”. “De pé, povos da Europa”, rematou Marisa Matias.
“Estas eleições são um referendo à vida”
"Tenho esperança que em 25 de maio a Europa vai virar à esquerda para
termos as nossas vidas nas nossas mãos. Estas eleições são um referendo
à vida. É urgente fazer recuar o neoliberalismo e o euro alemão. É
urgente fazer recuar o partido da senhora Merkel para recuperarmos a
Europa", disse Alexis Tsipras.
"É
assim que criamos o futuro, alterando o presente, trocando o medo pela
esperança e a miséria pelo otimismo", frisou o candidato da Esquerda
Europeia à presidência da CE.
Lembrando que em Portugal a dívida subiu de 94% em 2010 para 129% em
2013, e que o PIB regrediu a níveis de 2006, e que na Grécia a dívida
passou de 129% em 2009 para 175% em 2013 e o PIB recuou para níveis
registados em 2000, Alexis Tsipras acusou os governos da troika de, em
vez de resolverem a crise, prolongarem-na.
“A política neoliberal de desvalorização interna transforma a crise
fiscal em humanitária”, apontou o líder da Syriza, acusando os governos
de Portugal e Grécia de mentirem quando dizem que nos estão a beneficiar
com os memorandos. “Na realidade, este é o regime de dissolução
social”, avançou.
Hoje a nossa luta contra a austeridade é uma luta em prol da democracia
“Hoje a nossa luta contra a austeridade é uma luta em prol da
democracia”, enfatizou Tsipras, acrescentando que “a Europa está numa
encruzilhada. Ou opta pela austeridade, o desemprego e a pobreza, que se
prolongarão por anos, ou escolhe a mudança com a Esquerda Europeia”.
O candidato à presidência da Comissão Europeia não deixou de prestar
uma homenagem a todos os portugueses que participaram na revolução de 25
de abril 1974.
"Como candidato e como grego, presto homenagem à Revolução dos
Cravos. Portugal nessa altura transmitiu uma mensagem de esperança ao
povo grego. Asseguro-vos que, 40 anos depois, essa revolução continua a
inspirar a nossa luta contra a ´troika´ para reconquistarmos a nossa
soberania nacional", vincou o líder do Syrisa.
“Ou acabamos com a chantagem ou a chantagem destruirá o país”
Durante
a sua intervenção, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda afirmou
que "os discursos da direita no 25 de Abril insultam-nos e
ofendem-nos”. "Os mesmos que antes diziam que não podíamos diabolizar o
FMI, como o CDS ou o PSD, que dizia que o programa da troika era o seu
programa”, agora "comparam a saída da troika com a liberdade que nos
trouxe o 25 de Abril", avançou Catarina Martins.
A dirigente bloquista frisou que "não há saídas limpas quando, na
última avaliação, estão a decidir políticas que vão estar em vigor
décadas e décadas". “A um mês de sair de Portugal, a troika negoceia com
Passos Coelho e Maria Luis Albuquerque, com Pedro Mota Soares a fazer
de papel de embrulho, um sistema de pensões que vai determinar a pensão
de quem entra hoje no mercado de trabalho. Estão a determinar a pensão
de quem se vai reformar em 2054”, lembrou a coordenadora nacional do
Bloco.
Catarina Martins defendeu que
“vamos para estas eleições europeias com duas escolhas claras: ou
estamos de pé na Europa e renegociamos a dívida ou não haverá saída para
a crise em que nos encontramos”.
"Não há austeridades fofinhas nem austeridades ´light´, não há
leituras várias para o Tratado Orçamental mais ou menos ao sabor de cada
governo. Ou acabamos com a chantagem ou a chantagem destruirá o país”,
alertou.
A dirigente bloquista mostrou-se confiante na eleição do segundo da
lista de candidatos do Bloco de Esquerda às eleições europeias – o
independente João Lavinha. "Um homem que tem uma vida dedicada às
questões da saúde pública, da investigação, alguém que mudou
concretamente as nossas vidas e que tem estado em todas as lutas que
importam e que agora está com o Bloco de Esquerda", avançou Catarina
Martins.
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