Nos últimos dezasseis anos a gestão autárquica do nosso município esteve
entregue a um único partido, ao PSD. Foram quatro mandatos de uma maioria
soberana e legítima, porque democraticamente eleita e por isso o Bloco de
Esquerda respeitou-a e foi leal para com essa decisão dos homens e mulheres de
Bragança.
O Bloco de Esquerda organizou-se e apresentou-se ao eleitorado local pela
primeira vez em 2005. Elegemos um membro para a Assembleia Municipal e
repetimos essa mesma eleição em 2009. Procurámos, ao longo destes dois
mandatos, apresentar ideias e projectos que fossem contributos para o bem-estar
das nossas populações e para o desenvolvimento do nosso concelho. Esse foi
desde o primeiro momento o nosso propósito, o nosso compromisso com os
eleitores. Responsavelmente fomos oposição aos executivos camarários e tivemos
toda disponibilidade para encontrar as melhores soluções para Bragança.
Na Assembleia Municipal, sempre com consciência da relação de forças
presentes, trabalhámos com todos, concordando, discordando, propondo,
sugerindo, votando contra ou a favor, sempre com a convicção de que essas
atitudes eram, a cada momento, a melhor decisão. Trabalhámos em comissões temáticas
e de especialização com verdadeira motivação e vontade de contribuir. Trouxemos
à Assembleia Municipal propostas, das quais gostaríamos de destacar:
- A luta contra a privatização da água e a denúncia da participação, porque
nenhuma melhoria de serviço e qualidade trouxe às populações do concelho, na
empresa ATMAD;
- A construção de um Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho
que fosse um instrumento ao serviço do equilíbrio e da coexistência dos humanos
num espaço natural e protegido;
- A procura de um melhoramento da prática democrática, através daquilo que
entendemos ser um dos ideais democráticos e republicanos - a participação
cidadã. A criação de uma metodologia de orçamento participativo foi um caminho
que iniciamos aqui em Bragança. Pena é que o executivo camarário não o tenha
entendido e optado. Foi a nossa vida quotidiana quem perdeu qualidade e não
pode beneficiar do contributo de todos aqueles que vivem e experimentam tudo
aquilo, o melhor e o pior, que a cidade e o concelho de Bragança oferecem.
Lamentamos;
- Estivemos também contra o encerramento de serviços públicos na nossa
região e, neste momento, queremos destacar a denúncia que, desde o primeiro
instante, fizemos do encerramento de Centros de Saúde, de SAPs (serviços de
atendimento permanente) e das várias valências hospitalares. Sempre nos
opusemos ao afastamento e à centralização dos serviços públicos de primeira
necessidade para os cidadãos, sob o pretexto de qualquer racionalidade
financeira ou económica.
Com a aproximação a um novo tempo e processo eleitoral, é com este
património construído, é com esta intervenção cívica e política que nos
apresentamos aos homens e às mulheres de Bragança. Para que possam fazer a
avaliação da nossa participação e do nosso contributo nas suas vidas. Seremos, uma vez mais, protagonistas desse processo eleitoral em
Bragança e partimos para essa nova jornada com vontade e optimismo no futuro da
nossa terra. Seremos, agora mais do que nunca, alternativa às propostas e à
gestão autárquica que até aqui tem existido.
Como sabem, o Bloco de Esquerda reuniu recentemente na sua VIII Convenção e
a moção escolhida pelo nosso movimento estabelece as linhas que nortearão o
nosso comportamento e as nossas estratégias nos próximos dois anos, nos nossos
desafios e também, como é expectável, nas próximas eleições autárquicas.
Assim, a nossa intervenção nas autarquias deve reforçar-se tendo por base a
acção nos combates pela mobilização cidadã nas questões da justiça na economia,
dos serviços públicos contra as privatizações, nomeadamente da água, das
políticas urbanísticas que defendam e promovam o espaço público, o património
comum e o ambiente, e do desenvolvimento local sustentado, nas lutas em defesa
das populações contra os efeitos da crise.
O Bloco de Esquerda aprofundará nas suas propostas todos os mecanismos da
democracia participativa, essencial para o reforço e estruturação da democracia
local, como a regulamentação do direito de petição, a criação de mecanismos
participativos em matéria orçamental, a regulamentação das relações com as
organizações de moradores e o referendo local.
Nas próximas eleições autárquicas teremos um programa autárquico à
esquerda, construído com os contributos de quem nele queira participar. Um
programa de combate à lógica neoliberal que mercantiliza o espaço público e as
necessidades sociais básicas. Se houver a possibilidade de convergência, com um
programa claro para derrotar a direita instalada na Câmara Municipal há longos anos, não será por responsabilidade do Bloco de
Esquerda que tal convergência não se efectivará.
Portanto, aquilo que podemos e queremos, desde já, fazer é:
Afirmar a nossa disponibilidade e vontade para a criação de pontes de
entendimento com as demais forças e organizações que para além de representarem
expectativas genuínas de mudança, se sintam identificadas com estes princípios
fundamentais. Mas mais, queremos lançar um repto público aos demais
intervenientes que se identifiquem como oposição ao actual executivo e estamos
a falar, em concreto, para o PS, para a CDU, para o Movimento Sempre Presente e
para qualquer outro movimento de cidadãos que se organize, para uma
convergência programática que possa ser uma alternativa séria e credível à
actual gestão camarária.
Fica o repto!...
A Coordenadora Concelhia de Bragança.
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