Cerca de 50 habitantes, na maioria idosos, da aldeia de Rego de Vide, em Mirandela, dizem ter sido enganados por agentes comerciais da Meo. Este conto do vigário conta-se por poucas palavras: os representantes do serviço de cabo da PT terão dito aos residentes que só celebrando um contrato com a Meo seria possível terem a TDT (Televisão Digital Terrestre). A falta de informação e a natural honradez desta "boa" gente, fez com que os interpelados assinassem o respetivo contrato. Só depois, é que os habitantes descobriram que bastava comprar um pequeno aparelho para continuar a ter acesso aos quatro canais de televisão.
Este é um caso exemplar para refletirmos na ingenuidade do povo face aos vendedores da "banha da cobra", quer sejam amigos do alheio, funcionários de grandes empresas, vendilhões do templo, políticos ou outros que tais. Aproveitam a natural simplicidade, a desinformação e o chico-espertismo para ludibriar e obter benefício da nossa "boa" gente.
Estes "vigaristas" podem dividir-se em duas categorias: um, o vulgar amigo do alheio, é objeto da fúria comunitária e tem a justiça dos homens à perna (e bem!); os outros, os "vígaros" permitidos, pavoneiam-se por aí, riem-se dos "parolos", recolhem penitências e dízimos, engordam os lucros, aproveitam-se do erário público e passam sempre incólumes na malha da justiça dos homens e na misericórdia popular (e mal!).
Voltamos ao presumível "conto do vigário" apresentado à população de Rego de Vide. A PT informa (aqui) laconicamente a nação que pretende esclarecer o caso. Sosseguem as consciências e acabem-se os murmúrios: a poderosa companhia portuguesa vai investigar e produzirá esclarecimentos. No meio desta magnanimidade parece escapar um pormenor que deveria fazer-se antes das inquirições: não será que os habitantes do Rego de Vide apenas desejam o cancelamento dos contratos realizados e lhes seja devolvido o dinheiro?
Texto retirado de Pensar Ansiães:
http://pensar-ansiaes.blogspot.com/
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