Cerca
de cinco centenas de alunos do Instituto Politécnico de Bragan- ça
ainda não receberam bolsas a que têm direito (desde há três meses),
porque processo não está concluído. Há casos de miséria e quem pense
abandonar estudos.
Nenhum aluno do 1.º ano ou de outros anos, mas
candidatos pela primeira vez à bolsa, recebeu ainda o dinheiro porque o
processo está atrasado na Direcção-Geral do Ensino Superior, a entidade
que, actualmente, paga aos estudantes. As aulas iniciaram-se em
Outubro. Há alunos a viver com muitas dificuldades.
O responsável
dos serviços de Acção Social do IPB, Osvaldo Régua, garante que, no
caso dos estudantes do 1.º ano, a situação "é normal, porque é habitual
receberem mais tarde do que os outros, chegando a haver anos em que o
dinheiro só é desbloqueado em Fevereiro".
No caso dos alunos
dos 2.º, 3.º e 4.º anos, Osvaldo Régua assegura que "serão "muito
poucos" os que não estão a receber a bolsa, pois os que já eram
bolseiros em anos anteriores começaram por receber as bolsas
equivalentes ao ano de 2008/2009 e que, após a atribuição das bolsas do
ano lectivo 2009/2010, foi efectuado um ajustamento da verba actual com
retroactivos, mas admite que uma parte considerável dos estudantes não
entregou toda a documentação exigida. As candidaturas, este ano, foram
feitas exclusivamente via Internet.
No entanto, os alunos têm uma
versão diferente. Estudantes contactados pelo JN, garantem que são
muitos os que entregaram os documentos a tempo e horas, "alguns estão a
receber e outros não e ninguém explica porquê", contaram alunos da
Escola Superior de Comunicação Administração e Turismo, um pólo do IPB
em Mirandela. Muitos estão a enfrentar sérias dificuldades para fazerem
face às despesas porque estão longe de casa e, muitas vezes, as
famílias não têm meios financeiros para suportar os gastos. Um dos
jovens que falou ao JN teme que, se o processo não for resolvido
rapidamente, seja obrigado a pedir um crédito ao banco para evitar
desistir da licenciatura pois já está no 3.º ano. Actualmente, o aluno
subsiste com a ajuda do pai, que sobrevive com o subsídio de
desemprego, e de um irmão que está a realizar um estágio profissional
remunerado.
Os estudantes explicaram que conhecem inúmeros
colegas em dificuldades, mas que têm vergonha de o admitir, aliás, como
eles, que preferiram falar no anonimato. Os universitários contaram
ainda que outros colegas estão a receber a bolsa mínima do ano passado,
o equivalente a 10% do valor total das propinas, cerca de 58 euros,
"até têm medo de gastar o dinheiro porque não sabem se terão de o
devolver quando as bolsas forem atribuídas".
Os jovens
queixam-se, também, de não serem devidamente esclarecidos pelos
Serviços de Acção Social: "eles intimidaram as pessoas para não
mandarem e-mails ou telefonarem a confirmar, alegando que isso só vai
atrasar os processos", acusam.
in JN